sábado, 7 de agosto de 2010

Capítulo 3 – “Minha Família”

Imagine uma menina ruiva com sardas no rosto sentada ao computador.
Ela olha a sua volta tentando criar uma crônica para seu trabalho da escola. Seus olhos marrons a procura de alguma coisa distante, através de sua janela, mas antes que ache o que alguma coisa três rápidas batidas na porta te acordam do seu transe.
“Isa, você já fez a tarefa da escola?”, minha mãe perguntou já dentro do meu quarto, sem nem esperar que eu autorizasse sua entrada. Ela acha que vive em um sistema autoritarista onde ela é o ditador, eu tenho certeza disso.
“Eu to tentando mãe, mas se você ficar me interrompendo...”, respondi sem tirar os olhos da tela onde a pagina do Word estava vazia. Eu normalmente não tenho problemas de criatividade. Adoro escrever histórias de vidas mais animadas do a minha.
Minha mãe me deu uma ultima olhada desconfiada antes de sair do quarto, como se eu tivesse acabado de fechar o MSN e aberto o Word só porque ela bateu na porta. Juro por Deus que não fiz isso, afinal eu tinha acabado de fechar o twitter, não o MSN (falando nisso me siga, @secretwriterr). Naquele ultimo momento antes da porta fechar eu virei para encarar aquele rosto que saía pelos poucos segundos restantes. Tentei ser objetiva e não vê-la como a mulher que me deu a luz.
Era bonita, uma versão melhorada de mim. Também tinha os ruivos cabelos ate a altura da cintura, os olhos escuros e fundos cativavam e suas sardas eram muito mais aparentes que as minhas. Tinha o mesmo corpo magro que herdei, mas seus seios eram fartos graças aos dois filhos que teve, com certeza não precisaria nunca usar aqueles sutiãs com enchimento que estavam na minha gaveta. Ela me viu
“Isa, eu estou confiando em você, viu? Não quero ter que assinar mais nenhum papelzinho de falta de tarefa”.
“Mãe acredita em mim uma vez na vida, é tão difícil assim?”, desta vez não só meus olhos, mas todo meu corpo levantou em sua direção. “Será que eu posso me concentrar um pouco?”, disparei, fechando (batendo) a porta na sua cara. Minha mãe deve ter ficado lá plantada por alguns segundos sem entender, afinal eu não sou uma adolescente rebelde. Ela até brinca comigo que eu tinha sido trocada na maternidade porque com a minha idade ela não era nada educada com seus pais.
Eu acredito nela. Em cima da escrivaninha do meu pai tem uma foto do primeiro encontro deles: um show de rock. Na época ele tinha cabelo preto comprido caído sobre o rosto, hoje seu cabelo da testa da já caiu e embranqueceu e os pelos da sobrancelha, do nariz e das orelhas cresceram. Se algum dia ele foi gato, pode ter certeza que agora não chama mais a atenção de nenhuma mulher (que não esteja desesperada, claro).
Mamãe casou grávida de cinco meses do meu irmão Eduardo. Todo mundo o chama de Dudu e quando eu digo todo mundo, é TODO MUNDO mesmo, afinal sua popularidade é oposta a minha. Juro, ele é amigo de todos os meninos do colégio, da quinta ao terceirão, e as meninas não saem do seu pé.
Essa parte até que é compreensível porque ele é loiro, de olhos verdes e corpo de jogador de futevôlei (o que realmente é seu ‘hobby’/esporte, chame como quiser). Dudu nasceu exatamente um ano antes de mim, então tanto eu quanto ele estamos acostumados a ter o outro por perto enchendo o saco.
Nossa, fugi completamente do assunto. Se não to enganada, paramos quando fechei a porta na cara da minha mãe. Meu final de semana fechava ao seu final e eu estava super-duper animada para acordar às 6 horas da manhã, ir para a escola e me divertir com meu milhares de amigos (se te deixei confuso de alguma fora, isso sou eu sendo irônica), mas como não da para adiar, apaguei a luz do meu quarto e me joguei na cama com uma pequena vontade escondida em algum lugar (ou no meu cérebro ou no meu coração) de não acordar (e esse foi o meu momento emo do dia).

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